06 outubro 2011

Minnesota Vikings - week 4

Passará a existir, neste blogue, um espaço semanal que dissertará sobre os Vikings, analisando o jogo em que eles intervêm na jornada. Porquê os Vikings, perguntarão os imensos leitores deste cantinho? Porque sim. Não existindo uma razão lógica que faça um europeu adepto duma equipa de futebol americano (geográficas, étnicas ou desportivas), é por meras questões de gosto que se assume aqui o "clubismo" pela equipa de Minneapolis. Acima de tudo, quando comecei a ver a NFL com regularidade, foi Brett Favre que cativou a minha atenção e idolatria.

Minnesota Vikings @ Kansas City Chiefs

Pois é. Estamos no meio dum pesadelo. Daqueles que parecem não ter fim. É como se fosse um filme de ficção científica, onde os fãs dos Vikings estivessem obrigados a passar pelas mesmas sensações, as mesmas experiências, jogo após jogo. Começa pela ansiedade pré-jogo. Depois, excitação, com a marcação dos primeiros pontos. Júbilo, quando o resultado começa a avolumar-se. Entusiasmo, quando a vantagem atinge os dois dígitos. E empolgamento, quando as equipas vão para intervalo. Os Vikings parecem imbatíveis. Mais do que isso. A equipa dá mostras de ser sólida, um castelo praticamente inexpugnável. É o tempo de relaxamento, de satisfação. De gozar antecipadamente o doce sabor da vitória. Depois, é outra dimensão. Feita de apreensão, receio, ao ver a aproximação do rival e a constante incapacidade nos Vikings de conseguir um first down. A boca fica com uma amarga sensação de fel. O estômago tolhido, de nervos. O medo, palpável, transforma-se em pânico generalizado. E em impotência, vendo o mesmo filme, vez após vez. O adversário, que parecia combalido e moribundo, renasce de forma quase milagrosa e vence. Sempre.

Foi assim, nos três primeiros jogos. Escapou à regra, na deslocação a Kansas City, mas o resultado foi o mesmo: derrota.

Antes de analisarmos os destaques positivos e negativos, uma dúvida existencial. O que será preciso para colocar Ponder como titular? Pretende esta pergunta colocar toda a culpa da péssima temporada em McNabb? Claro que não. Mas o veterano quarterback foi escolhido com um fim. Dar tempo a Ponder e, ao mesmo tempo, tentar unir um ataque, para que os playoffs não fossem uma palavra vã, em Minnesota. Isso não foi conseguido. Ora, se a temporada dos Vikings vai terminar no final dos 16 jogos, que tal começar a dar tempo de jogo a Ponder, draftado exclusivamente para ser o franchise quarterback da equipa, no futuro imediato? Não faz qualquer sentido permanecer agarrado a McNabb (que possui contrato de um ano], agora que não existe qualquer veleidade de apuramento.

Positivo:

É perder tempo apontar o que de bom os Vikings têm feito. Seja quem for o adversário, os Vikings perdem. E cometem erros. Por isso, mais do que salientar o jogador A, B ou C, elogio apenas o que de melhor se tem visto esta temporada, relativamente ao ano passado:

Pass rush – O pass rush dos Vikings tem dois rostos: Jared Allen e Brian Robinson. Allen revive os seus melhores tempos, vestido de purple & gold. Indomável, disruptivo, tem conseguido colocar pressão constante na OL do adversário, independentemente de quem seja. Com sacks em todos os jogos, tem sido bem coadjuvado por Brian Robinson. Ninguém, nesta altura, se lembrará de Ray Edwards, em Minneapolis. O motivo é simples de deduzir. As boas prestações de Robinson, agressivo no ataque ao passe e com um lote de habilidades que o transformam numa bela arma de defesa. O grande problema é que a defesa dos Vikings permanece em capo demasiado tempo, graças à ineficácia do seu ataque, geralmente convidado a sair do campo em 3-and-out consecutivos.

Negativo:

Donovan McNabb – O ataque dos Vikings é mau. Ponto. Mais uma vez demonstrou isso mesmo, quando pretendia recuperar a desvantagem, no último quarto contra os Chiefs. Na última drive, McNabb não conseguiu nada, dando mostras de ser um jogador à deriva, sem qualquer centelha de brilhantismo que já possuiu. Faltavam 2 minutos e a posição no campo era excelente, nas 41 jardas dos Chiefs. Os dois primeiros passes (péssimos e previsíveis) foram anulados pela defesa do adversário (Kelly Gregg e Tyson Jackson). O 3º e importante down foi uma lástima, com um passe inconsequente para Bernard Berrian. Chegou-se então ao momento crucial da partida. A derradeira oportunidade. A última bala na arma. O quarto down. E nada de novo. Passe disparatado para Shiancoe e THE END, em letras garrafais. Os Vikings são incapazes de vencer uma equipa em crise, debilitada, sem jogo corrido (Jamaal Charles, o seu running back principal, lesionou-se para toda a temporada), com o melhor jogador defensivo ausente (Eric Berry, igualmente de fora a época toda, devido a lesão) e uma das principais armas de ataque de fora (Tony Moeaki, também colhido pelo azar de uma lesão brutal).

Penalidades – É normal, num jogo de futebol americano, acontecerem penalidades. Muitas vezes, elas são resultado da agressividade que se pretende implementar na equipa. Mas nos Vikings, os últimos quatro jogos, mostraram uma nova tendência de penalidades. As denominadas “estúpidas”. Desde, na mesma jogada, concederem dois offsides. Ou, no último jogo, numa tentativa do adversário desesperada num terceiro down, um facemask de Everson Griffen que permitiu a continuação da drive. E com ela um field goal e os respectivos 3 pontos.

Bernard Berrian – É o meu ódio de estimação, nos purple & gold. Não é de agora. Berrian sempre me pareceu horrível e incapaz de jogar ao mais alto nível. Os seus defensores usavam um argumento para o defender, justificando sempre a sua má produção: Brett Favre não lhe passa a bola. Percebe-se hoje porquê. Já não há Favre em Minnesota. Mas, mesmo assim, Berrian continua a demonstrar a sua inutilidade, jogo após jogo. Em 4 jogos, foram-lhe passadas 16 bolas. Ele apanhou duas. 12,5% de aproveitamento. Contra os Chiefs, apanhou uma em seis. Logicamente que os seus correligionários dirão que a culpa é de McNabb. Em parte, até concordo. Mas Percy Harvin, Michael Jenkins e Aromashodu conseguem recepções. E até, pasme-se, marcam touchdowns. McNabb conseguiu 59% de acerto nos passes, contra os Chiefs. Chega para mostrar que Berrian está a mais no roster dos Vikings?

O próximo adversário: Pensamento da semana não deve sofrer grandes modificações, de adepto para adepto. “Será desta que ganhamos?”. O adversário é ideal. Os Arizona Cardinals, onde Kevin Kolb tarda a mostrar a sua qualidade e a defesa tem permitido jardas com fartura aos opositores. Os Cardinals, com uma vitória e três derrotas, possuem no entanto argumentos para criar uma tarde problemática aos Vikings. Desde logo, Larry Fitzgerald que, mesmo não apresentando os grandes números e estatísticas de outros receivers, tem uma qualidade insuspeita. É capaz de jogadas impossíveis, conseguindo catches em situações melindrosas. Sem Antoine Wilfield por perto (o cornerback dos Vikings é uma baixa certa para o jogo), será uma partida dura para a secundária de Minnesota. Mas nem só a Fitzgerald se resumem as ameaças dos Cardinals. Beannie Wells mostrou que o jogo corrido (com que os Vikings têm conseguido lidar de forma aceitável, até à data) é poderoso. Os seus 3 touchdowns contra os Giants mostram que o running back, no seu terceiro ano, pode estar prestes a explodir para uma temporada de afirmação.


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