03 outubro 2010

Game Ball Goes To Chuck


Charlie Batch parecia destinado à penumbra, no início da temporada de 2010. Colocado, no rooster, como 4º quarterback dos Steelers, o veterano enfrentava uma possível saída de cena prematura, quando os clubes restringem, na semana antes do início oficial da competição, o elenco a 53 atletas. Quando muito, na mais optimista das cogitações, Batch ficaria no plantel de Pittsburgh, treinando diariamente, com direito ao prémio de jogo ou, em alternativa, relegado para a practice squad, com um ordenado mais limitado, mas mesmo assim chorudo.

O destino costuma troçar dos planos, mostrando a fragilidade da própria existência humana. Primeiro, o castigo de Ben Roethlisberger, por 4 jogos, colocou Batch a figurar na ficha dos encontros. Depois, o nº 2 na hierarquia dos QB’s, Denis Dixon, lesionou-se na 2ª partida, enfrentando a dura defesa dos Ravens. Riscados 2 nomes, apenas sobrava Byron Leftwich como impedindo a mediatização temporária de Batch. A lesão do veterano aligeirou a preocupação do corpo técnico, na escolha de quem dirigiria o ataque dos Steelers. Com apenas uma opção válida, Batch entrou em campo, como improvável titular, na deslocação ao reduto dos invictos Buccaneers.

Tampa Bay explodiu de felicidade. A primeira intervenção de Batch no jogo adensou o ar habitualmente circunspecto de Mike Tomlin, o técnico que levou os Steelers ao último título. Um passe defeituoso, interceptado pela defesa dos Bucs. Temeu-se o pior. Uma tarde de pesadelo. Os Steelers continuariam, pese isso, a lutar pela vitória. Foi assim, alicerçados numa defesa intratável e no jogo corrido, que venceram os Falcons, na semana 1. E com os mesmos predicados, os Ravens, na semana 2. Mas Batch mostrou estar à altura.

Sabedor do playbook (ao contrário do irritante Dixon, que apenas se limita a correr, esquecendo o jogo aéreo), Batch mostrou que nem só com o jogo corrido, habitualmente a cargo de Mendenhall, se deveriam preocupar os adversários. Passes de 46 e 41 jardas, ambos para Mike Wallace. A ambas as bombas juntou ainda mais uma série de passes, contabilizando 186 jardas, 3 TD's e 2 INT.

“Game ball goes to Chuck”, disse no final Mike Tomlin, exaltando a exibição do seu pupilo. Doces palavras para um jogador que sai do anonimato e que, fora do campo, opta por um estilo low profile, longe dos estereótipos ridículos em que caem outros craques. Conhecido como filantropo, Batch dirige uma liga de basquetebol para miúdos, procurando fomentar o gosto pela prática desportiva, principal arma para evitar o trágico desfecho que vitimou a sua irmã, morta a tiro numa guerra de gangues.

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