19 agosto 2010

"A Liga Europa é para Vencer!"

A frase não é minha, pese partilhar do mesmo anseio. Foi proferida, peremptoriamente, por André Villas-Boas. O primeiro passo, nesse percurso que se espera longo e feliz, foi dado hoje, na Bélgica, país quase sempre agreste a nível de resultados para as cores do Porto.

Apeteceu-me, durante longos momentos, debitar o desalentado "assim não vamos lá, Carlos", com que Ronaldo lamentou a substituição fatídica de Hugo Almeida, frente à Espanha, no último Mundial. O estado de espírito foi o mesmo, faltando apenas trocar o nome próprio do treinador.

De forma telegráfica, eis uns apontamentos sobre a partida:

* O resultado foi amplamente melhor do que a exibição. É um lugar comum dizê-lo, mas hoje aplicou-se na perfeição ao que se passou em campo.

* A braçadeira de capitão fez um bem danado a Helton. Mais confiante e seguro, o brasileiro tem sido uma agradável surpresa neste início de temporada. Realizou 3 ou 4 intervenções excelentes, com destaque para uma, a meia-hora do fim, apenas ao alcance dos predestinados. O vôo felino com que desviou o esférico das suas redes merecia uma comemoração a preceito.

* A dupla de defesas-centrais azul e branca teve uma noite desinspirada. E isto é um eufemismo. Maicon viveu a 2ª parte mergulhado num pesadelo, cometendo uma quantidade quase infindável de asneiras, na sua maioria grosseiras, que faz qualquer um questionar o sucesso futuro de uma defesa com elementos deste calibre. Não sei se será Otamendi a vir. Ou qualquer outro. Mas é suficientemente notório que, ou se contrata alguém com qualidade, ou vamos ter muitos jogos assim. Medo.

* Continuo arreigado às minhas convicções. Não troco Meireles por Moutinho. O ex-sportinguista é uma cópia barata do talentoso médio louro que sempre aportou uma qualidade extra ao seu trabalho no meio-campo. Correr desenfreadamente não chega para qualificar um tipo para jogar à bola. E irrita-me o vício de se contorcer, parecendo que padece de dores insuportáveis, sempre que sofre uma falta. Caralho, isso era na Academia...

* O técnico portista - a que alguns jocosamente ainda recordam o passado de informático e outros o de observador - é activo. E isso é uma mudança positiva face ao imobilismo de que padecia Jesualdo, sempre contrito e pouco lesto a efectuar mudanças tácticas. O Porto de hoje viveu um carrossel de alterações, passando de 4-3-3 para 4-4-3 e deste para um losango para, posteriormente, terminar um 4-5-1. A exibição foi sempre sofrível, mas pelo menos notou-se uma tentativa de alterar o estado das coisas.

* Souza vai marcando pontos. Gostei dele, nos poucos minutos jogados, na Figueira. Fisicamente imponente, com enorme disponibilidade na entreajuda, pontua as suas acções com alguns pormenores reveladores da sua elevada craveira técnica. Sentenciou a partida com um golaço. Tem futuro.

* Walter faz-me recordar Ronaldo, o dos dentes salientes. E não é, infelizmente, pelas habilidades futebolísticas. São similares morfologicamente, parecendo gémeos siameses na enorme barriga que ostentam. Depois da novela do passe, vamos ter a sequela: a novela do peso.

* Por muito que jogue Football Manager, continuo sem perceber porra nenhuma de futebol. E o problema é mesmo meu. Ukra fez a temporada toda no Olhanense encostado à linha, do lado direito. Varela joga, maioritariamente, do lado oposto. Hoje inovou-se. Ukra passou para a esquerda, onde o que conseguiu de mais relevante foi um amarelo. Varela ficou na direita, sumindo-se lentamente a nível exibicional, até se extinguir na substituição.

* Como é bom jogar na Europa. A postura arbitral, a nível disciplinar, constitui um mundo de diferença em relação aos juízes tugas. A expulsão, sem mácula, do jogador do Genk é um dos casos que deveria servir de análise a um qualquer programa que quisesse discutir futebol, e não colocar 3 narcisistas de merda a perorarem sobre uma mão cheia de nada. Bastava comparar com a entrada sofrida por Guarin, frente à Naval. Lances idênticos. Este, hoje, valeu o vermelho. No mundo habilidoso do futebol português, a brutal entrada sobre o colombiano nem amarelo.

* Mesmo assim ganhamos por 3. Soluções existem com fartura. Apesar de Meireles e Fucile se terem tornado proscritos. Da lesão de Mariano, Guarin e Cristian Rodriguez. Da ausência de Hulk. Da venda de Bruno Alves. De James Rodriguez ter sido contratado apenas para treinar.

Nota final: Balotteli já marca, pelo City. Joe Cole continua a sua via sacra, no Liverpool. Expulsão na estreia, na Premier League. Penalty falhado hoje. Ah, e o Sporting caminha a passos largos para se transformar numa anedota.


Genk 0-3 FC Porto

Simão | MySpace Video

2 comentários:

  1. Esta tem que ficar para a posteridade. Retirada de um blogue sportinguista, depois da derrota frente ao Brondby:
    "Andamos a jogar com pinos. Os clubes vencedores têm jogadores a sério."

    AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA

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  2. Comentário nº 2:
    "Bem jogado pelo Paulo Sérgio: a estratégia é abrir nas alas para depois bombear bolas para as nossas torres no meio daqueles centrais pequenotes dos dinamarqueses. Forcado do caralho."

    AHAHAHAHAHAHAHA. Gostei do "forcado do caralho". Não vencem, mas têm um sentido de humor afiado:)

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