17 novembro 2011

Minnesota Vikings - week 10

Atropelados. Doridos. Os Vikings parecem uma vítima de atropelamento e fuga, deixados caídos numa estrada, combalidos e com sequelas. O correctivo aplicado no Monday Night Football foi duro. E perdurará na memória dos fãs de ambas as equipas. Uma pergunta retórica ressalta de todas as outras. Serão os Packers assim tão bons, ou foram os Vikings tremendamente maus? Julgo que todos saberão a resposta. Um pouco de ambas, com especial ênfase nos Packers serem mesmo muito bons. Mas, desta feita, quase que era preferível ter feito o jogo contra uma equipa de cones de treino, tamanha foi a ineficácia dos purple & gold durante o tempo de jogo, em quase todas as áreas.

Verdade seja dita, os Packers não jogaram contra um adversário. Quanto muito um grupo de excursionistas vestido com equipamentos de futebol americano. Já no ano passado os Vikings sofreram similar humilhação, em Minnesota. A mesma foi relativizada. Era o fim duma era. Brad Childress estava de partida e a questão central do quarterback titular tinha minado qualquer hipótese de se conseguir uma temporada competitiva. Mas todos tínhamos sido levados a crer que agora é que era. Leslie Frazier estava nos comandos do navio, com uma tripulação inteiramente recrutada por si. Se não era expectável que, de um momento para o outro, os Vikings desafiassem o campeão da NFC North, era pelo menos esperado que a equipa conseguisse bem mais do que aquilo que tem mostrado.

Mas não. O plantel precisa ainda duma urgente reestruturação, com a linha ofensiva a ter que ser considerada prioritária no próximo draft. É esse o primeiro passo. Proteger devidamente o investimento feito no franchise quarterback e dar algum conforto ao melhor running back da actualidade. Só depois disso se poderá, realmente, considerar que os Vikings iniciaram a ascensão esperada. Contam-se pelos dedos de uma mão os jogadores que escapam a um veredicto negativo, no rescaldo da derrota. São eles:

Adrian Peterson – Não vale a pena dizer mais nada. Chega a ser confrangedor ver a qualidade de Peterson desperdiçada num ataque que roça o patético.

Christian Ponder – Jogo tremendo para o rookie, que nunca teve um segundo de paz no pocket, perseguido de forma brutal por Clay Matthews e Cª. Era legítimo desculpar nervosismo, erros primários e demais equívocos pela ausência de tempo para lançar a bola ou ler a jogada. Mas Ponder não precisa de desculpas. No meio do caos pareceu sempre um veterano, mantendo o sangue frio sob enorme pressão. Conseguiu alguns lançamentos excelentes, correu para dois 1st downs e foi interceptado uma vez. Mais importante, sobreviveu a uma linha ofensiva porosa e incapaz de parar alguém.

Jared Allen – Alguém devia colocar-lhe o apelido de “sack”. Época, a nível pessoal, extraordinária. Pareceu sempre um felino, extremamente ágil na ânsia de chegar a Aaron Rodgers. Conseguiu um sack, dois tackles for loss e foi sempre a única ameaça válida à OL contrária.

Percy Harvin – Conseguiu, a espaços, mostrar alguma da explosividade de outrora. Rápido, foi o único receiver a dar trabalho à secundária dos Packers, quer no jogo aéreo, quer no corrido, onde revela igualmente alguma habilidade.

E é só. The End. Tempo de preparar a próxima temporada. Preferencialmente evitando cometer erros no draft. A equipa carece de profundidade em várias posições. E, sobretudo, precisa duma cadeia de comando em que a hierarquia esteja definida. Em 2005, Zygi Wilf despediu Mike Tice de GM. Criou depois aquilo a que chamou de “Triangle of Authority”, um híbrido em que Fran Foley e Rick Spielman seriam as cabeças pensantes, juntando-se ao treinador como uma espécie de cartel na tomada de decisões. Mas, desde essa altura, o que se conseguiu? Nada. Uma série de péssimos drafts (os Vikings conseguem escolher bem na 1ª ronda e depois cometem uma série de pecados nas rondas restantes) que foi camuflada pela fantástica prestação de Favre e Cª em 2009. Mesmo no mercado de free agents, onde o clube conseguiu alguns êxitos interessantes (Visante Shiancoe, Steve Hutchison, Brett Favre, Jared Allen, Antoine Winfield) existiu uma inércia subsequente que impediu a contratação de backups com mínima qualidade, evitando o que se assiste: jogadores cuja idade já começa a ser um factor de assinalável regressão na qualidade de jogo.

Neste emaranhado de culpas, Leslie Frazier não escapa impune. O que se assistiu no jogo frente aos Packers foi um grupo indisciplinado, pouco preparado mentalmente para a exigência do jogo e confuso tacticamente. Uma sensação de deja-vu. Já foi referido acima a outra derrota humilhante frente aos detentores do Super Bowl. Mas há mais. Basta recordar igualmente a prestação da equipa frente aos Bears, jogo disputado ao ar livre, que culminou em penosa derrota e ditou o fim da carreira de Brett Favre. O que têm estes jogos todos como denominador comum? Péssima preparação que culminam em horríveis exibições. E ainda existe a questão central da profundidade das posições.

Já tinha alertado, no início da época, quão frágil pareciam algumas posições (apenas 5 linebackers no roster). Agora isso ficou patente, com a lesão de Winfield. Quem sobra? Asher Allen e Cedric Griffin. Junte-se a isso uma das piores secundárias existentes na NFL, um corpo de LB’s que se esqueceu de como se faz um tackle ou se cobre alguém no backfield e temos um final de temporada penoso. Resta rezar para que Ponder continue a ser mais rápido do que os adversários, pois o rookie passará o resto dos jogos a correr pela integridade física. 3 anos depois continuamos a ser detentores da pior linha ofensiva da NFL. Chegou a altura de fazer um RESET na organização. E começar tudo de novo.

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