27 outubro 2011

Minnesota Vikings - week 7

Esperança. É um sentimento, uma sensação difícil de explicar. Não é palpável, entrando o rol daquelas intuições quase metafísicas. Mas atingiu cerca de 90% dos espectadores que, no domingo, assistiam ao vivo aos Vikings contra os Packers. E muitos mais, espalhados pelo Mundo, vendo pela televisão a estreia de um novo quarterback. Porque é dele que falamos, quando o pressentimento vigente é que um novo Messias chegou à cidade, disposto e capaz de levar a equipa a bom porto. Quem não assistiu ao jogo e não sabe o resultado, pensará que a equipa de Minnesota venceu. Pressuposto errado. Ou então, sabedores da derrota do purple &gold, julgarão que Ponder foi transcendente. Igualmente errado.
Os Vikings perderam. Ponder acertou 13 passes, em 32 tentados. Mas foi uma lufada de ar fresco. Uma brisa num ambiente irrespirável. Ponder, não sendo perfeito, dinamizou o ataque. Foi o dínamo, a centelha, que a equipa precisava para fugir da letargia a que tinha sucumbido. A equipa precisava de acreditar em algo. E o rookie deu-lhes algo em que confiar. Será demasiado cedo para tanta euforia? Sim. Ponder terá ainda mais uma série de exames, até final da temporada, onde terá que confirmar os seus predicados. Mas acredito que é ele o franchise quarterback que os Vikings procuram desesperadamente. Analisando a história da franquia, vê-se que essa demanda não é tarefa fácil. Em 51 anos de história, quantos quarterbacks se enquadram na definição de franchise? Pelas minhas contas, apenas 3. O mitíco Frank Tarkenton (13 temporadas, entre 1961-66 e 1972-78), Tommy Kramer (7 anos com a camisola, substituindo Tarkenton em 1979 até 1986) e Daunte Culpepper (5 anos, liderando os Vikings de 2000 até 2004). Somados, dá 25 anos. Nos outros 26 anos de existência, a demanda trouxe erros e alguns veteranos bem cotados, que nunca seriam a aposta de longo termo esperada (Warren Moon, Brett Favre e Randall Cunningham, por exemplo).
Mas vamos aos habituais destaques, positivos e negativos, na derrota frente aos actuais campeões em título.

Destaques positivos:

Christian Ponder – Por motivos óbvios, foi sobre ele que incidiu a atenção da maioria, incluindo os media, que dissecaram até ao tutano a sua primeira exibição como titular. O mínimo que se pode dizer é que foi encorajadora. E, de alguma forma, destemida. Ponder foi agressivo, nos lançamentos longos. Sete dos seus 13 passes certeiros ganharam, no mínimo, 15 jardas. Só isso fez uma diferença enorme para a era McNabb. Ponder revelou mobilidade, capaz de ganhar tempo extra fora do pocket, onde igualmente mostrou que pode fazer a diferença com os pés. Conseguiu 31 jardas, em 4 corridas. Na maior parte do tempo, revelou um acerto nas decisões tomadas. É certo que teve dois passes interceptados, mas também lhe são creditados dois passes para touchdown. É uma imagem que rompe com o passado recente. A capacidade de lançar downfield. Um exemplo: no 4º período, com um 3rd down-and-13, os Vikings pareciam à beira do abismo. Nos jogos anteriores, isso corresponderia a mais um 3rd-and-out. Mas a combinação – e confiança demonstrada – entre Ponder e Greg Camarillo, para um ganho de 16 jardas, foi perfeita. E, de seguida, Ponder encontrou Jenkins na end zone, para o merecido TD.

Adrian Peterson – Seja quem foi o adversário, Peterson continua imparável. Quebrou vários tackles em corrida, marcou um touchdown e conseguiu a melhor marca do ano, creditando 175 jardas contra a defesa dos campeões. Neste departamento, os adjectivos esgotaram-se, para avaliar as suas exibições. É o melhor. Ponto.

Jared Allen – O melhor que se pode dizer da sua exibição é que Aaron Rodgers deve estar agradecido de só o defrontar duas vezes/ano. Não deixa de ser frustrante ver que uma equipa que tem Adrian Peterson e Jared Allen no seu melhor apenas conseguiu vencer uma partida. Porque, convém ser dito, tanto um como outro estarão a jogar o melhor futebol das suas carreiras. O defensive end esteve brutal e impiedoso na caça ao quarterback contrário. Com 7 jogos lidera destacado a tabela dos sacks. São 11.5, que servem de adorno para um jogador fulgurante e disruptivo, temor das linhas ofensivas. Os seus 2 sacks no domingo vieram em alturas cruciais.

Michael Jenkins – Tem-se destacado no corpo de receivers. Os mais cépticos dirão que isso não é nada de extraordinário, face à mediana qualidade do mesmo. Mas Jenkings é uma agradável revelação, pela consistência que tem demonstrado nos jogos. Veterano sólido, poderá ser uma das armas a explorar por Ponder, downfield. Basta ver a primeira interacção dentre ambos, com o passe/recepção a darem um ganho de 72 jardas.

Brandon Fusco [RG] e Joe Berger [C] – Existe um antes e um depois do jogo. Antes, a percepção dominante é que os Vikings seriam atropelados pelo seu rival de divisão. E que Ponder seria massacrado pela defesa contrária [leia-se Clay Matthews]. A ideia ganhou ainda mais força quando Anthony Herrera saiu, com uma lesão. Mas depois, tanto Fusco como Berger fizeram sólidas exibições, protegendo Ponder como se este fosse o presidente. Excelente trabalho.

Visanthe Shiancoe – Mais envolvido no jogo de ataque, realizou algumas recepções, conseguindo igualmente aparecer na end zone, finalizando com êxito o primeiro touchdown dos Vikings. Praticamente desaparecido nos jogos anteriores, será um dos jogadores que mais beneficiará do estilo de jogo de Ponder.

Punt a 2:37 minutos do fim – Foi a jogada possível. E acertada. Enfrentando um 4-and-10, coube a Leslie Frazier optar. E, face à forma como a defesa tinha conseguido, parcialmente, parar os Packers, tendo ainda os Vikings 3 timeouts para gastar, parece razoável não criticar a opção do treinador. Foi pena que, depois, James Starks tenha resolvido aparecer no jogo, conseguindo corridas importantes e decisivas para o desfecho final.

Destaques negativos:

Husain Abdullah e Asher Allen – São os culpados do touchdown de 79 jardas, conseguido pela dupla Aaron Rodgers-Greg Jennings, quase como se de um treino se tratasse. A forma quase infantil como o cornerback se desinteressa da jogada e a ausência de um safety que cobrisse Jennings é elucidativa dos lapsos mentais que a secundária dos Vikings sofre, com enorme regularidade.

Brian Robinson – Não foi expulso por mera sorte, depois da despropositada falta cometida, pontapeando as “jóias de família” do adversário. Mas nem é por isso que mercê figurar nos destaques negativos. Não conseguiu, desta feita, elevar o seu jogo. Foi rara a jogada em que conseguiu ludibriar a OL adversária, tornando o pass rush uma obrigação de um homem só [Jared Allen].

Corpo de linebackers – Com o resultado em aberto, esperava-se que a defesa dos Vikings conseguisse parar o ataque dos Packers, permitindo depois uma última oportunidade para Ponder vencer o jogo. Mas foi aí que surgiu em grande James Starks, conseguindo pelo menos 3 corridas que conquistaram jardas preciosas e 1st downs. Das 75 jardas que o running back somou no jogo, 55 foram adicionadas na última drive. É caso para perguntar por onde andavam Chad Greenway e os irmãos Henderson?

Outros assuntos

1 - Bernard Berrian já era, felizmente. Apenas uma mera lembrança na memória dos fãs. Cortou-se o cordão umbilical, cada um seguindo o seu caminho. Nunca o escondi. Berrian era demasiado mau para estar no rooster dos Vikings. E, lendo o que se escreve um pouco pela blogosfera afecta aos Vikings, a sua ética de trabalho deixava muito a desejar. Não chega a ser um divórcio, pois o casamento entre ambas as partes nunca foi realmente consumado.

2 - É uma altura delicada. Provavelmente, a mais delicada na história da franquia. O tempo agora é de decisões, em relação ao estádio novo. Durante este mês se saberá se o futuro da franquia permanece ligado a Minnesota ou se outra qualquer paragem [olá, Los Angeles] acolherá os purple & gold nas décadas que se avizinham. O estado de Minnesota tem aqui um papel de decisor. O Metrodome, casa dos Vikings desde 1982, pode não ter muito mais tempo para assistir aos jogos. O contrato de arrendamento ainda não sofreu qualquer extensão, com Zygi Wilfer a esticar a corda até ao limite, dizendo que não assinará o prolongamento da estadia da equipa enquanto não existir luz verde para o financiamento estatal. E o referido contrato termina daqui a 4 meses. Depois, os Vikings são totalmente livres para, aproveitando a off season, ponderar noutras possibilidades. Tecnicamente, os Vikings poderão mesmo mudar-se de localização, desde que consigam o beneplácito dos restantes donos das equipas da NFL. No meio desta indecisão, com os dias a passarem, a data limite parece demasiado próxima para se encontrar uma resolução que contente ambas as partes. É que, mesmo que o estado de Minnesota resolva avançar para o financiamento, existe discrepância entre o local onde será construído o novo recinto. O governador Mark Dayton quer que ele se mantenha em Mineapolis, o que colide com a vontade de Wilfer, que quer uma mudança para uma área suburbana, num projecto que tem um custo abissal de 1.1 bilião de dólares. Dia 7 de Novembro será decidido o local. Após a recomendação do governador serão dadas duas semanas de debate e audiências públicas, até que no dia 21 será votado o pacote anteriormente aprovado. E depois se saberá onde ficarão os Vikings…


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