08 setembro 2011

Pontapé de saída

Foi um longo hiato, que no entanto não arrefeceu o entusiasmo pelo futebol americano. Muitos meses sem escrever motivados apenas pela falta de tempo. Não que isso interesse a alguém, dado que este "cantinho" praticamente não tem visitantes. É apenas um lugar, uma espécie de arrecadação, onde vou guardando/coleccionando algumas das memoráveis jogadas ou histórias interessantes, que gravitam na órbita da NFL e do College Football.

Mas pronto. Vamos ao que interessa. A temporada passada acabou, consagrando os Packers como melhor equipa da NFL. Justamente. Depois disso, uma offseason repleta de incidências e conflitos, num lockout que ameaçou prejudicar seriamente a nova época. Com vencedores e derrotados pelo caminho, o acordo entre o sindicato de jogadores e o empório de czares donos dos clubes provocou um ponto final na ansiedade dos fãs. E a preseason foi doida. Depois do draft, o mercado de free agents resumiu os habituais 3 meses de negociações a uma mera semana, com trocas e mudanças que alteraram substancialmente os rosters das equipas. Tudo isso serviu para aumentar exponencialmente o interesse numa temporada que, mais uma vez, será interessante de acompanhar.

1 . A semana 1 inicia-se hoje. Da melhor maneira. Em Lambeau Field, onde os fãs de Green Bay terão a oportunidade de vitoriar e comemorar o Super Bowl de Fevereiro. O cartaz não podia ser mais aliciante. Como opositores os dois últimos campeões. Packers vs Saints, Aaron Rodgers vs Drew Brees, Sean Payton vs Mike McCarthy. Muitos outros motivos de interessa. Quem prevalecerá? O génio táctico defensivo de Greg Williams, que tanto importunou Brett Favre na final de conferência, dois anos atrás, ou Dom Caper's, estratega de inúmeras batalhas? Poderá Mark Ingram, rookie aureolado com o Heisman Trophy, incrementar o jogo corrido dos Saints?

2. Peyton Manning. É ele que tem estado no cabeçalho de grande parte das notícias, causando apreensão nos fanáticos adeptos das fantasys leagues. Não propriamente Peyton, mas o seu pescoço, alvo de operação no defeso, para retirar um "disco", mas cuja recuperação tem sido bem mais lenta do que o esperado. Sabe-se agora que Manning não jogará. Brett Favre deverá ter sorrido. O seu recorde, quase inalcançável, de jogos consecutivos permanecerá ainda uma lenda. Peyton perseguia esse objectivo, podendo alcançá-lo em...2016. Bem mais apreensivos deverão ter ficado os responsáveis dos Colts, obrigados agora a confiar o ataque nas mãos do quase reformado Kerry Collins. O jogo de estreia é excelente, colocando frente-a-frente dois rivais de divisão. Do outro lado da barricada, os Houston Texans, a mais nova franquia da NFL, procura atingir os primeiros playoffs da história. Com um ataque fortíssimo, o calcanhar de aquiles da equipa era a defesa. Parece que esse tempo já lá vai. O antigo técnico dos Cowboys, Wade Phillips, é agora o coordenador defensivo, responsável pela transição para 3-4. Reforçados convenientemente no mercado, adicionando peças preciosas à sua secundária, os Texans têm logo na 1ª jornada um teste sério às suas pretensões. O jogo promete, mesmo que subsistam dúvidas quanto à utilização de Arian Foster, o running back com mais jardas corridas no ano anterior. A sua eventual não utilização será suplantada por Ben Tate, brilhante na pré-temporada, e por Derrick Ward. Veremos se chega. Destaque ainda para a estréia de Anthony Castonzo, um dos rookies dos Colts, lançado às feras na linha ofensiva.

3. Incontornável, todos os anos, o embate duplo entre Steelers e Ravens, já apelidado de maior rivalidade da NFL. Duas defesas intratáveis, dois ataques com armas de destruição maciça, dois técnicos sagazes. Se os Steelers, vindos de uma dolorosa derrota no último Super Bowl, parecem pouco afectados com o desaire, os Ravens sabem que este ano pode bem ser a última oportunidade, nos tempos mais próximos, de alcançar o sucesso. Com um lote fantástico de jogadores na defesa, já a entrarem na fase de declínio na idade, os Ravens apostam as fichas todas no sucesso imediato, como comprova as contratações de [mais] veteranos como Bryant McKinnie(OL), Lee Evans (WR) ou Andre Gurode (OL). Nos Steelers, com o melhor corpo de LB's da competição, destaca-se o ataque ultra-rápido, com Antonio Brown a prometer fazer misérias nas defesas contrárias. Ben Roethlisberger, livre dos problemas extra-campo que o atormentaram nas derradeiras épocas, parece querer fazer a sua melhor temporada de sempre.

4. São comparados, não sem que exista mesmo alguma semelhança, aos Miami Heat da NFL. Os Philadelphia Eagles estiveram imparáveis no mercado de free agents, coleccionando grandes nomes. Nnmandi Asomugha (CB), Jason Babin (DE), Steve Smith (WR), Dominique Rodgers-Cromartie (CB). Mas nem tudo é um mar de rosas. A protecção ao seu maior investimento (Michael Vick), a quem premiaram com um novo e chorudo contrato, não parece muito fiável. O rookie Danny Watkins tem tido uma experiência pouco frutuosa, até agora. Todd Herremans é obrigado a fazer a transição de guard para right tackle. E na deslocação a Saint Louis, a defesa dos Rams está preparada para lhes fazer a vida negra. Vick será caçado o jogo todo. Chris Long (DE), Robert Quinn (DE), Fred Robbins (DT) e até mesmo o renegado Quintin Mikell (ex-Eagles) são os caçadores. Não sei quem prevalecerá, mas Vick e Cª não terão um jogo inaugural muito descansado.

5. Detroit Lions @ Tampa Bay Buccaneers. O mesmo é dizer um duelo entre dois dos mais excitantes quarterbacks da nova geração. Matthew Sttaford mostrou, na pré-temporada, que tem tudo para levar os Lions a um outro patamar, desde que se mantenha saudável. Josh Freeman começa já a ter um imenso lote de aduladores, depois da temporada brilhante que realizou. Mas o interesse no jogo não termina aqui. Nas defesas temos, do lado dos Lions, Ndamukong Suh, rookie defensivo do ano passado. Falta Nick Fairley, lesionado, que constituirá com ele uma espécie de muralha quase intransponível. Nos Bucs, Gerald McCoy, agora ladeado por dois jovens lobos: Adrian Clayborn e Da'Qwan Bowers.

6. Será difícil escolher jogos, na week 1. Temos outro, num embate divisional, entre os Giants e os Redskins. Neste seu segundo ano no reinado de Shanahan, a equipa de Washington encontra-se radicalmente alterada. Falta saber se para melhor. Alimentando a novela em redor do QB, sabe-se agora que o ataque será comandado por Rex Grossman, em detrimento de John Beck, que deixou indicações positivas na pré-temporada. O veterano treinador rodeou-se de experiência. Na defesa, roubando Barry Cofield aos novaiorquinos e Stephan Bowen aos Cowboys. Conseguiu Josh Wilson, um dos mais underrated cornerbacks da liga. No ataque adicionando Tim Hightower a Ryan Torain e Roy Helu,. o rookie ex-Nebraska. Mas o jogo é igualmente marcado por lesões. Todas do lado dos Giants, que parecem perseguidos pelo destino. Perderam, para a temporada toda, Terrell Thomas e Jonathan Goff. A principal aposta no draft, Prince Amukamara, está igualmente lesionado. E um dos seus principais pass-rushers, Osi Umenyiora, foi operado. Mas nem por isso os Giants baixam os braços. Com Justin Tuck e Jason Pierre-Paul (2º ano na liga) na defesa, a competitividade está garantida.

7. E depois, claro, ainda temos a estreia de Cameron Newton, o nº 1 do draft de Abril, um sempre interessante Chargers vs Vikings e uma jornada disputada 10 anos depois do 11 de Setembro. Será emocional. E imperdível.

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