06 janeiro 2011

NFL 2010 - temporada regular

1 - Foi uma temporada intensa. E repleta de situações estranhas. Caricatas será o termo mais apropriado. Tivemos um vencedor de divisão - os Seattle Seahawks - apurados para os playoffs com um recorde negativo. 7 vitórias e 9 derrotas. É a 1ª vez que uma equipa vai para a fase seguinte nessas condições.

2 - Eli Manning e Drew Brees, dois dos últimos quarterbacks a liderarem as suas equipas à conquista do Super Bowl (Eli, com os Giants, em 2007 e Brees, com os Saints, no ano passado) somaram um total de 47 intercepções, durante a fase regular.

3 - Nas previsões de início de temporada, vários dos principais analistas referiam John Fox, treinador dos Carolina Panthers, como um provável vencedor do prémio de treinador do ano. 17 jogos depois, John Fox foi "convidado" a ir treinar para outro lado, depois dos Panthers terem sido a pior equipa da fase regular.

4 - Os Oakland Raiders venceram todos os seus jogos - 6 contra os rivais de divisão (Kansas City Chiefs, San Diego Chargers e Denver Broncos), e não conseguiram sequer vencer a divisão nem o apuramento para os playoffs.

5 - Dois anos depois de todas as equipas da NFL terem passado pelo seu nome, 7 vezes, Arian Foster venceu o campeonato particular dos running backs, para mais jardas corridas. O jogador dos Houston Texans teve uma temporada fabulosa, mostrando um poder e velocidade quase imparáveis. Os scouts devem ter ficado com as orelhas a arder.

6 - Qualquer receiver, por mais medíocre que possa ser, é transformado num atleta de eleição, quando os passes são provenientes de Tom Brady. O quarterback dos Patriots continua a sua demanda. Aproxima-se dos 400 passes seguidos, sem uma intercepção. Aliás, em 17 jogos, apenas 4 vezes passou a bola para as mãos dos adversários. E isto numa temporada onde o seu principal alvo- Randy Moss - foi trocado para os Vikings.

7 - O ataque dos Eagles é o mais empolgante da liga. Michael Vick, DeSean Jackson e LeSean McCoy deram-nos alguns dos mais explosivos e espectaculares momentos do ano. Dois jogos em particular perdurarão na memória dos adeptos: o correctivo aplicado aos Redskins, em Washington, e o comeback milagroso, em Nova Iorque, frente aos Giants.

8 - Seja qual for o adversário, se Troy Polamalu estiver em campo, ele é sem dúvida o melhor. Fantástica a capacidade de leitura das jogadas, quase sobrenatural o faro para atacar a bola e a agilidade felina. É um espectáculo à parte e tem uma quota parte do sucesso no apuramento dos Steelers para os playoffs. Jogada do ano: fumble forçado a Joe Flacco, no titânico embate contra os Ravens, num jogo de enorme importância, bem perto do final da partida.

9 - Vince Young abriu uma frente de guerra com o técnico dos Titans que, sabe-se agora, lhe custou mais do que o lugar de titular. A idolatrada vedeta dos Texas Longhorns, que levou a equipa ao título de campeã nacional depois de 3 décadas, sentiu sempre algumas dificuldades para se impor em Tennessee, de forma a corresponder às expectativas. Os Titans, depois de um início que os colocou à frente da divisão, enveredaram por uma sequência constante de derrotas, enrodilhados em equívocos (como a contratação de Moss), que os transformou numa das decepções da temporada. O voto de confiança do CEO dos Titans em Jeff Fisher significou igualmente o fim da relação com o quarterback, que será libertado.

10 - Numa temporada com várias equipas a poderem considerar-se vencedoras, existe o reverso da medalha. As grandes deccepções. É só escolher, pela ordem preferida. Dallas Cowboys, que de contendores assumidos ao Super Bowl [ironicamente a disputar no seu estádio] se transformaram numa anedota nacional [até ao despedimento de Wade Smith, dado que depois a equipa texana soube inverter a derrocada exibicional], passando pelos Minnesota Vikings, numa temporada para esquecer, que levou ao despedimento de Brad Childrees. A equipa de Mineapolis jogou as cartas todas, na pré-temporada, no anseio de que Brett Favre os conduzisse à terra prometida. O veterano quarterback, no entanto, mostrou ser impossível atingir a qualidade do ano anterior, sendo fortemente penalizado pelas defesas contrárias. Nesse rol de desilusões entram os San Diego Chargers, capitaneados por Philip Rivers, batidos na corrida aos playoffs pelos Chiefs. Igualmente os 49ers, que se esperava poderem vencer com facilidade a NFC West, capitularam em toda a linha, o que custou o cargo a Singletary. Na AFC, destaque para a débacle dos Redskins, cuja reestruturação encetada por Shanahan não aprimorou as habilidades da equipa.

11 - Num ano em que o draft mostrou ser de qualidade superior, muitos rookies conseguiram deixar a sua marca, na temporada de estreia. Destacar todos é quase uma tarefa impossível. Ficam apenas alguns nomes, já estrelas por mérito próprio. Sam Bradford, transfigurando a face dos péssimos Rams, melhorando claramente a produção. Ao nº 1 do draft junta-se o nº 2, Ndamukong Suh. Intratável na defesa, Suh teve o seu nome cantado várias vezes pelos fãs dos Lions. Ágil e poderoso, o defensive tackle tornou-se rapidamente um terror para os quarterbacks adversários. Rob Gronkowski, com 10 touchdowns no ano de estreia, mostrando enormes qualidades na posição de tigh end, secundado pelo ex-Gator Aaron Hernandez, também com uma produção assinalável nos Patriots. Ainda na equipa de Bill Bellichick sobressaiu um cornerback de qualidade monstruosa. Devin McCourty foi um dos pilares da defensiva dos New England, encantando pela cobertura dos receivers contrários e pelas intercepções conseguidas. Nos Chiefs, vários nomes em destaque. Eric Berry, Dexter McCluster e Tony Moeaki são o rosto da construção criteriosa de um plantel com qualidade. Nos Raiders, que agora despediram Tom Cable, a ressurreição da equipa fica intimamente ligada a Rolando McClain, Lamarr Houston, ambos defesas, Jared Veldheer (um óptimo left tackle) e ao empolgante Jacoby Ford, que produziu algumas jogadas sensacionais. Nos Tampa Bay, equipa sensação da temporada, Mike Williams que provou ser um receiver de elite, Gerald McCoy, um dos defensive tackles mais idolatrados vindos do college football, ou mesmo Brian Price. Jimmy Graham, que despontou na ponta final dos Saints (curiosamente, fez a universidade toda como membro da equipa de basquetebol dos Miami Hurricanes, tendo apenas jogado uma temporada de futebol, no ano após a licenciatura) é um nome a reter, tal como Joe Haden, cornerback dos Browns, ou Russel Okung. Dez Bryant, Jermaine Gresham, Jordan Shipley e Ryan Matthews (não fosse a lesão, poderia ter tido um impacto bem maior na liga) são também certezas, garantias de bons espectáculos.

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