27 outubro 2010

Minnesota Vikings @ Green Bay Packers - semana 7

Uma montanha russa de emoções. Eis a temporada dos Vikings. A uma subida da excitação e euforia, após uma vitória, segue-se uma queda abrupta, trazendo a frustração e depressão aos fiéis seguidores da equipa de Minnesota. A derrota (a 4ª, na temporada) frente a um rival de divisão, e da forma como aconteceu, tem um duplo efeito: dá ao adversário um balão de oxigénio, face a tantas contrariedades que a equipa de Green Bay tem sentido, a nível de lesões, e provoca um desapontamento perigoso, na equipa, antes de uma visita a New England.

O pré-jogo iniciou-se como o esperado. Uma monumental assobiadela aquando da entrada de Favre, brindando a antiga estrela dos Packers com uma animosidade que deveria ser alvo de tratamento psiquiátrico. Tirando isso, após o início da contenda, tudo se desenrolou como esperado. Os Packers trazendo a lição bem estudada, com Rodgers a optar por passes rápidos, evitando que a defesa de Minnesota e o pior pesadelo do QB de Green Bay – Jared Allen – lhe pusessem as mãos em cima. A mistura do jogo aéreo com as incursões de Brandon Jackson iam surtindo efeito. Com Tyrell Johnson a iniciar o jogo, como Strong Safety, do lado dos Vikings, rapidamente se tirou uma conclusão: a OL estava acima do esperado, protegendo exemplarmente Favre. Tudo parecia correr favoravelmente aos Vikings. Ao TD inicial da equipa da casa, Minnesota respondeu com um empate, obra de Harvin, numa jogada que revela um fantástico trabalho de bloqueios da OL, abrindo um corredor para Percy concretizar. A 2ª vantagem de Green Bay foi igualmente anulada, com Peterson a concretizar um TD, após a polémica anulação do touchdown a Shiancoe. Com o intervalo a chegar com um 14-17, a esperança era enorme. Um triunfo faria com que o saldo entre derrotas e vitórias ficasse igual ao do adversário: 3-4. Tudo se desmoronou no 3º quarto. 15 minutos fatídicos, em que Favre cometeu demasiados erros, permitindo 3 INT que viraram o jogo para 28-17. Como expoente máximo, a patética intercepção retornada para TD por Desmond Bishop. Como disse no final Brad Childress, de cabeça perdida, “("You can't throw it to them. You can't give seven points going the other way, not in a game like this'').

Mesmo o que parecia ser um comeback, habitual em Favre, não foi bem sucedido. O TD de Randy Moss amenizou a distância (28-24), mas o forcing final esbarrou num passe incompleto para Moss.

5 PONTOS ACERCA DA DERROTA:

1. Favre mostrou, ironicamente num estádio que antes o idolatrava, que deixou de ser o “tipo”. Aquele que, arvorado em mestre de marionetas, movimenta os cordelinhos do jogo, a seu bel-prazer. Este jogo, com um Favre do ano passado, teria sido ganho sem grandes dificuldades. Pese as 212 jardas e o passe para TD de Moss, as 3 intercepções foram, mais do que fatídicas, ridículas. Favre parece ter um ego sobre-dimensionado, que o tenta sempre colocar numa espécie de salvador da equipa. Os passes disparatados, que custaram pontos aos Vikings, deveriam ter sido evitados. E ele sabe isso. Num jogo em que, contrariando as expectativas, a OL o protegeu extremamente bem (até Phil Loadholt conseguiu aguentar com Clay Matthews), as decisões de Favre foram pobres. E é isso que dói. Saber que a superioridade não teve correspondência no resultado. Favre terá que passar por um período sabático. Sentado no banco. Com a época a resvalar perigosamente para o desastre, chegou a altura de mudar. Começando pelo QB.

2. Se há algo que gosto no futebol Americano é a diferença para o soccer, pelo menos a nível de textos e análises aos jogos. O clubismo e fundamentalismo típicos do adepto do soccer (e eu adoro soccer), que justificam 99% das derrotas da sua equipa com o estafado recurso a culpar o árbitro, não encontra espaço na NFL. Mas, apesar disso, apetece-me insultar algumas das decisões tomadas pelos juízes de campo em Green Bay. O TD do rookie dos Packers, Andrew Quarless é uma decisão péssima, que custou 7 pontos aos Vikings. A validação do lance colide com a “Calvin Johnson rule”. É bem visível que o rookie não tinha o controlo total da bola. Ponto final. O lance não deveria ter sido, obviamente, legitimado. Era um 4º down e um FG. Apenas. Depois, não consegui perceber se Clay Matthews, por ser um jogador destacado, tem algum tipo de permissão especial da liga. Que raio de coisa foi aquela que lhe permitiu retirar o capacete da cabeça, múltiplas vezes, durante as jogadas? É alguma imposição dum eventual patrocinador de cremes e amaciadores para o cabelo? Finalizo com a revisão do TD de Shiancoe. WTF?

3. Brad Childress começa a provocar um estado de urticária em todos os fãs dos Vikings. Como é possível que o lance de Quarless não tenha sido desafiado? Como? Utilizemos, por comparação, o lance de Shiancoe, em que a equipa técnica dos Packers foi cirúrgica ao lançar a bandeira vermelha, tendo sido premiada posteriormente com a não validação do touchdown. O que é que terá passado pela cabeça do técnico nos Vikings para permanecer, apático, na linha lateral, deixando que um lance mentiroso fosse validado e prejudicasse a sua equipa? Se a isso juntarmos o facto de os Vikings terem prescindido dos 25 segundos que faltavam, antes do intervalo, optando por não tentar pontuar, confesso que é difícil tentar perceber os critérios que os neurónios de Childress produzem. Tinha sido marcado um “offensive interference” a Moss, mas Favre tinha ainda a possibilidade de lançar mais uma vez. Podia ter sido opção um passe longo, para Moss, ou a procura de um 1st down, dado que os Vikings ainda tinham descontos de tempo para usar com critério.

4. Na semana passada, os Cowboys lançaram os seus touchdowns para a zona coberta por Lito Sheppard. Esta semana, devido a uma lesão na mão (graças a Deus), Lito não foi opção. Os Vikings tiveram o rookie Chris Cook, regressado da cirurgia ao joelho, e Asher Allen. Ambos foram péssimos contra os receivers dos Packers. E dizer que Frank Walter foi o melhor, é dizer muito em relação à produção de todo o corpo de CB’s. A conclusão é só uma: vamos sentir muitas saudades de Cedric Griffin.

5. A permanência da fé num apuramento para os playoffs deve-se, agora, a dois nomes: Percy Harvin e Adrian Peterson. A fragilidade exibicional de Favre colide com o estado de graça do duo referido. Peterson esteve ao seu nível. 28 corridas, 131 jardas, somadas a 41 jardas em duas recepções, com um TD corrido. Harvin, igualmente, mostrou a sua vasta gama de habilidades. 3 corridas para 41 jardas e 1 TD, mais 5 recepções para 65 jardas e 27 jardas ganhas em 3 kickoffs retornados. Devia ser suficiente que esses dois, com o talento de Moss, ganhassem jogos. Aliás, a ofensiva dos Vikings faz salivar qualquer um de desejo. É um tridente poderoso. Uma espécie de ofensiva “kick ass” que, junto com a competência demonstrada pela OL, nos faz acreditar num final de temporada vitorioso. Basta resolver esse “pequeno” problema: um quarterback com precisão no passe e sem erros de palmatória.


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