01 setembro 2010

Fecho de mercado

E pronto. O mercado de jogadores fechou até Janeiro. C'est fini. E aqueles que, como eu, ainda acalentavam uma esperança, lá foram obrigados a engolir o travo amargo da frustração. Nem um avançado, caralho, fomos capazes de comprar. Acredito que deva existir uma qualquer explicação racional para o facto, mas escapa-me. Andamos o Verão todo a brincar às novelas, procurando contratar uns brasileiros anónimos, desconhecidos de quase toda a gente. E nem assim nos safamos.

Durante esse período em que os diligentes dirigentes portistas se empenhavam a fundo, André Villas Boas replicava que necessitava de avançados. Preferencialmente como Falcao. E não me refiro à nacionalidade colombiana. Um gajo - alto, magro, gordo ou baixo - que as metesse lá dentro. André, ainda algo ingénuo nestas coisas das negociatas, pedia descaradamente dois. Dois. D-O-I-S. Li, ouvi e vi o rookie que se senta no banco do Dragão a explicar que, face a um campeonato que se espera competitivo e a uma Liga Europa que queremos vencer, era necessário dar profundidade ao plantel.

Visionários, fomos às compras. Podíamos ter procurado alguém de créditos firmados. Um nome grande na praça. Caralho, afinal gastamos 10 milhões num gajo igual ao Raul Meireles, mas com menos tatuagens. 10 milhões. Mas não. O segredo é comprar barato e vender caro. Pois. O Kleber é que era bom. E o Walter, mesmo que o tipo pareça tudo menos uma bigorna.

Entretidos nesta liça - o Kleber é que era bom - fomos mantendo uma calma glacial, perante o impasse do negócio. Um braço-de-ferro mantido com o presidente dos insulares, que reclamava o jogador como sendo seu. Entretanto, afadigados em trabalho, os dirigentes azuis e brancos conseguiram trazer um dos avançados pretendidos. Walter, notoriamente um peso-pesado, no sentido literal do termo, para o plantel. E pronto. Foi tudo. Com certificados internacionais que nunca mais chegavam, discursos trauliteiros a preparar e uma infinidade de coisas a fazer - provavelmente uma explicação para o zé povinho sobre a forma como o dinheiro naquela casa se dilui num ápice - AVB deixou de reclamar outro avançado - ou o que que ser seja - e as necessidades do plantel foram reestruturadas. Basta um. E ficamos contentes com Walter. O tal que, mesmo a treinar desde início de Agosto, consegue a proeza de estar mais gordo do que quando aterrou na Invicta. Depois do discurso jocoso de Sua Santidade, no mercado de Inverno da última temporada, gozando com o tema dos reforços, julgava que a sobranceria teria aprendido a lição. Aparentemente, não. Continuamos a dar tiros nos pés.

Eu é que sou parvo. Não acredito no Pai Natal, mas sei que o plantel padece de problemas crónicos. E ansiava por uma surpresa - qualquer que ela fosse - até ao fecho do mercado. Não aconteceu. Por um lado, até que foi bom. Evitamos a humilhação de ver Fernando Morientes preferir a reforma a representar as nossas cores. Como aos outros. Ou ter algum funcionário mais expedito a embarcar, para trazer uma vedeta, e assistir ao desembarque do jogador...em Birmingham.

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